segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A esperança alvirrubra é celeste


Para o Náutico sonhar em permanecer na Série A, a força do grupo é determinante. Mas um personagem em especial vem se tornando chamariz da esperança alvirrubra. Alberto Martín Acosta Martinez, uruguaio, 1,90 metro, 30 anos. Dono de um futebol celeste, Acosta, nome doce na boca do torcedor, tem ostentado a condição de herói desde que chegou ao Timbu. Na última partida, contra o Botafogo, o meia beirou a perfeição. Esteve perto do céu. Foi, de fato, celeste.

O craque que, até então, alternava gols decisivos com expulsões infantis afastou a instabilidade com uma atuação memorável. Botou fogo. Falsamente desengonçado, Acosta desfilou em campo. O nariz avantajado, sempre imponente, apontava a direção do perigo. Os olhos, fixos. Os dentes, rangidos. Os passos, largos.

Onipresente, o uruguaio se valeu da altura e empatou o jogo de cabeça. Depois, virou a partida num pênalti que ele mesmo sofreu, após passar por entre dois marcadores, como quem transpõe os limites do impossível. Antes, protagonizou o lance que resultou na expulsão do atacante alvinegro Jorge Henrique.

A seriedade era a mesma. Ou melhor, quase. Nova penalidade para o Náutico. Numa mistura de discernimento e ousadia, Acosta brincou. Esperou o goleiro Max cair para um canto e apenas empurrou a bola, que, mansamente, dormiu na rede. Acosta sabe ninar. Completou a goleada com mais um tento. O jogo era dele. O jogo era ele.

A vitória, com direito a show internacional, deu novo fôlego ao Timbu, que subiu uma posição. E, no cenário equilibrado deste Brasileirão, Acosta provou que, quando entra focado para jogar, desponta como protagonista. A esperança veio de Montevidéu, veste a 25 e fala outra língua. Mas, dentro das quatro linhas, o diálogo com a torcida vem sendo afinado. Porque, no idioma da bola, Acosta é professor.

Wagner Sarmento

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